PARA OUVIR ENQUANTO LÊ : http://tinyurl.com/69grw9u
Um dia normal, uma garota normal, a chuva caindo, o céu nublado, mas vamos esquecer de tudo isso, e se eu te dissesse que ela não acredita no para sempre?
Pois é, mas sem melancolia, por favor, é só uma arma que ela escolheu e se quer saber ela vive muito bem assim.
Ela tem uma rotina bem planejada, caminha de manhã, antes da escola, ouve músicas à tarde, tem uma agenda com os filmes que quer assistir até o fim do ano, uma tabela de sabores exóticos de chocolate que quer provar e algumas – muitas – horas dedicadas à leitura.
Num dos dias normais, numa das caminhadas matinais, ela conheceu Felippe, um jovem de vinte-e-poucos anos, com cabelos caídos nos olhos e bagunçados, com uma expressão de confusão que é muito atraente à garotas que tem os olhos como os dela.
Se eu te dissesse que foi amor à primeira vista eu estaria mentindo feio, foi só atração, uma atração bem forte.
Ele virou seu anjo da guarda, como ela dizia, mas era uma relação sem amor, pelo menos do ponto de vista dela, eles corriam matinalmente, comiam chocolates exóticos todo o fim de semana, assistiam filmes de produções alternativas todo o fim de tarde e trocavam caixas de livros de contos periodicamente.
As coisas não se desgastavam, ela foi enjoando disso, ele resolvia os problemas dela, emprestava-lhe o casaco em dias de chuva, chamava-a de “minha”, gostava de tirar fotos, e toda aquela melação descontrolada foi cansando Alice, que de uns tempos para cá só o procurava em caso de precisar de ajuda pra resolver alguma coisa.
Ela começou a alegar cansaço às manhãs, tinha provas de mais nesse final de bimestre, tinha dois livros para terminar de ler, uma vida inteira pra viver, viagens a fazer... e não haveria mais tempo para ele na sua agenda, que pena, que pena.
Ele agüentou tudo numa boa, pelo menos superficialmente, e agora ele era do tipo de pessoas que não amava, assim como ela.
Na maioria do tempo ela não precisava de ninguém, lidava bem com a solidão, gostava de observar o nascer do sol nos dias frios, com uma xícara de qualquer coisa bem quente entre os dedos, apenas bem de vez em quando batia uma saudade de ter à quem correr quando acontecesse alguma coisa, quando o mundo estivesse caindo em gotas de água e ela estivesse desprevenidamente sem guarda-chuva, mas no fim das contas era bom, ela nem se lembrava mais de quando tivera o coração levado, mas não doía mais, a vida dela fluía como uma linda valsa .